Quem sou eu

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Rio Claro, SP, Brazil
Meu nome é Mariana Gabriela Fonseca, prazer. Sou formada em Imagem e Som pela UFSCar (turma 2000 a 2003) e atualmente curso Ciências Biológicas na Unesp Rio Claro (Turma de 2007 até atualmente). Atuo como professora eventual na rede pública Estadual de ensino e tenho grande paixão pelo meu trabalho. Pretendo me formar na licenciatura e fazer pós graduação em Educação. Acredito em uma nova educação, diferente do que é hoje praticada nas escolas brasileiras. Para mim, o método de ensino em vigor é precário e obsoleto, não segue o fluxo das mudanças decorrentes de uma série de transformações sociais, econômicas, comportamentais e tecnológicas. Por isso, estou sempre procurando inovar em minhas aulas, mesmo que muitas vezes falhe e/ou caia no tradicional. Afinal, errando é que se aprende.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Teorema de Tales e Um Coração Partido

Ontem foi um dia complicado para mim na escola. Estive, na noite anterior, me preparando para dar uma aula sobre o Teorema de Tales. Estava com muita dificuldade, porque os livros didáticos que pesquisei não estava lá muito didáticos de fato, cada um explicando de um jeito, uns mais complicados, outros simples demais. E, para que meus alunos pudessem compreender o Teorema, achei nada mais justo do que demonstrá-lo, porque ao meu ver, as coisas ficam mais claras quando são demonstradas, quando sabemos "de onde raios isso ou aquilo saiu". Pois bem, pesquisei, pesquisei, e por fim encontrei um vídeo no Youtube muito bom, uma vídeo-aula com um cara falando um "portunhol" bem acessível. Pronto, para mim, estava tudo muito claro a respeito do Teorema de Tales. Literalmente, copiei cada palavra, o passo a passo do professor-autor do vídeo, e me certifiquei de ter compreendido. A noite foi bem mal dormida, por conta da ansiedade pela tal aula. Sim, acredite ou não, eu aiinda fico ansiosa quando tenho que dar uma aula que considero muito importante ou que para mim se trata de um assunto mais "difícil". Era o caso. Cheguei a sonhar com a tal aula. Amanheceu, dei as outras aulas normalmente, e as duas últimas eram justamente com o primeiro ano que teria a introdução à Geometria com Tales de Mileto! Senti, logo de cara, que estava nervosa. Sendo assim, achei que seria adequado ter uma conversa com os alunos antes de iniciar o assunto, explicitar a importância do conteúdo que seria passado e principalmente pedir o máximo de colaboração para que minha concentração fosse mantida durantee a explicação. Obviamente, não adiantou. Claro, sempre temos aqueles alunos exemplares, que respeitam, ficam quietos,  prestam atenção... Mas também sempre teremos os que querem tumultuar, ou se esquecem que estão em sala de aula e acabam extrapolando na conversa, brincadeiras... Acho que o maior erro que cometi ao dar essa aula foi dizer a eles que se tratava de uma demonstração difícil para mim mesma, que eu precisaria usufruir de uma "cola", coisa e tal. Ou seja, meu erro foi ser sincera demais. Não que alguém tenha dito algo a respeito, mas algo dentro de mim ficou gritando, e gritando alto, que eu era incompetente para dar esta aula. Algo ficou martelando minha auto-confiança, minha capacidade. Não, a aula não foi assim um desastre completo, creio que eu consegui sim transmitir um pouco do que era necessário mas desta vez, naquele momento, senti a necessidade clara de ter uma base mais sólida na formação do ensino matemático. Sabe, sei que sou boa professora, esforçada, gosto muto do que faço, mas também tenho consciencia de que tenho muito muito muito a aprender, a melhorar, no que toca à didática, metodologia. Ainda me sinto engessada, presa a alguns hábitos que considero obsoletos ou então um pouco entediantes. Aquela coisa de: primeiro escreve tudo na lousa e depois explica. Sei lá, esta foi a maneira que encontrei para me sentir mais segura, pois enquanto estou escrevendo o conteúdo, estou reforçando paraa mim mesma aquilo tudo o que eu já sei, ou pelo menos deveria saber. E na hora da explicação, já tenho tudo mais ou menos esquematizado na cabeça, de como devo falar sobre isso ou aquilo. Muitas vezes até me surpreendo comigo mesma, saio muito satisfeita com a aula que ministrei, mas às vezes, sério, me sinto um fracasso, um tédio. Às vezes, dá vontade de parar e dizer: olha, vocês têm toda razão em não estarem prestando atenção, porque esta aula está de fato um horror. Nunca o fiz, claro, sempre vou até o fim, por pior que seja. Já aconteceu de algumas vezes eu parar, sair da sala, respirar, beber uma água, e depois retornar mais... digamos... "leve". Bom, o Teorema de Tales foi um exemplo de situação onde até eu me entediei, até eu me enganei, me "embananei". E a coisa vai ficando pior a cada minuto, porque a desatenção deles cresce, começam cada vez mais dispersar e a coisa descamba, miinha concentração falha e acabo me sentindo um LIXO de professora. Ontem, quando saí da sala de aula, estava me sentindo um fracasso. Cheguei a questionar minha vocação. Mas depois parei e pensei com calma, concluí: Poxa, em primeiro lugar, não estou me formando em Licenciatura  em Matemática, ou seja, não tenho tido disciplinas de prática de ensino em matemática, metodologia, aquela coisa toda. Em segundo lugar, apesar de tudo, eu me esforcei, e no mínimo, fiz o meu melhor. E em terceiro lugar, coloquei na cabeça que esse Tales é um bundão, e o teorema dele é "fichinha" pra mim. Afinal de contas, foi a primeira vez na minha vida que precisei demonstrar essa"parada", tenho certeza de que com o passar do tempo, a prática irá aperfeiçoar meu desenvolvimento. Assim é com qualquer aula que eu venha a dar, seja de Biologia, seja de Matemática. A prática, o exercício, levam ao aprimoramento... Errar para aprender, ensinar e aprender, aquela coisa toda, tão clichê e tão real. Depois disso relaxei, e me convenci de que as próximas vezes serão cada vez melhores, porque vou me esforçar para isso. Ainda preocupada com o aprendizado dos poucos que tentaram acompanhar o raciocínio, prometi levar o vídeo que me auxiliou para eles verem, achei que seria interessante, um reforço, não sei... A aula terminou, e ainda restavam alguns bons minutos para o sinal bater, os deixei livres para "respirar" (e eu respirar também...), e comecei a observá-los, como sempre faço, em suas particularidades. Observo comportamentos, analiso, interajo. E então, notei um garoto no fundo da sala, completamente isolado, que passara a aula toda dormindo no cantinho. Ele acabara de acordar, e tinha um olhar triste. Me aproximei, sentei ao seu lado e perguntei se estava tudo bem. Ele disse de imediato que sim, então comentei que percebi uma certa tristeza, quietude... Não precisou muito, o menino começou a me dizer que estava com problemas emocionais muito intensos e difíceis de lidar. "O coração?" - perguntei. "Sim". E então me contou, espontaneamente, uma história de coração partido. conhecera uma menina, que mora no Rio de Janeiro, e ainda para "ajudar", é filha de pastor da Assembléia de Deus, a qual, segundo ele, exclui quem não pertence ao grupo... Então, o final a gente já pode concluir: os pais dela a impediram de namorar com ele, e os dois se falam até hoje pelo computador e telefone, mas nunca mais se encontraram. Doeu até em mim, porque uns poucos anos mais velha que ele, passei por uma situação praticamente igual. Então, sabia a dor que aquele adolescente está passando. Por fim, o aconselhei a permitir-se sofrer, a chorar, a se sentir revoltado, porque tudo isso faz parte de um processo que infelizmente precisa ser vivenciado para que haja um aprendizado no final. Falei que depois de tudo, ele sairá dessa mais forte e preparado. Que a vida tem dessas coisas mesmo, e que não será a última vez que algo assim acontece, e que talvez coisas piores virão. É triste, mas é real, no entanto, nas próximas, ele estará muito mais "esperto". Coloquei-me à disposição para quando quiser conversar ou desabafar, e parece que notar e me aproximar para saber o que acontece, deu um brilho a mais nos olhos daquele garoto. Posso então não ter detonado o Teorema de Tales, mas com certeza, fiz um bom trabalho naquela manhã.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Matemática

Há cerca de um mês, assumi as aulas de matemática para 6 classes de 1ºs anos e 2 classes de 3ºs anos do ensino médio. No início foi confuso, não só pelo fato de que eles estavam mais perdidos que barata em tiroteio, sem proofessor fixo há muito tempo, tendo aulas com uma professora formada em Letras na maioria das vezes, mas também pela minha insegurança, o medo em falhar, em não conseguir. Mesmo assim, aceitei o desafio, e meti as caras. Nem sempre tem sido fácil para mim, muitas vezes me "embanano" com as contas, com o conteúdo, mas sinto que aos poucos estou aprimorando a didática, reforçando a auto-confiança no fato de que por mais que eu não seja e nem esteja me formando em Licenciatura Matemática, gosto de ensinar, e o que me parece pouco, para eles é muito. Sim, infelizmente a situação do ensino de matemática está precário, vejo alunos de primeiro ano me perguntando o que seria o "tracinho no meio do sinal de =" quando coloco alguma desigualdade na lousa, ou ainda me perguntando o que é o "numerozinho em cima do numerozão" nas potências... Tabuada, continhas de mais e menos, frações, raízes, tudo isso que nos parece tão simples, para muitos é como uma aula de chinês. E foi observando isso, logo na primeira semana, que decidi começar com um básico, abrindo mão de seguir o conteúdo do currículo. Pois como poderia falar de Função de segundo grau se eles não saberiam resolver a própria equação do segundo grau, sem saber o que é uma potência ou uma raiz. Saber, eles sabem, mas faltam ferramentas, conteúdos, aquela ladainha toda das propriedades de potências e raízes, tão "decorebas", mas tão necessárias. E foi assim que comecei, com uma revisão dos conceitos mais básicos possíveis. Depois, cada sala praticamente tomou um rumo. A maioria delas pediu que a parte de Sequências numéricas, P.A. e P.G. fossem revistas, enquanto que outras partiram para Funções. Uma delas já está bem adiantada, então precisei iniciar Geometria... Confesso que nem sempre tem sido fácil para mim, porque em primeiro lugar, os alunos sentem-se desestimulados, sentem-se "burros em matemática", porque nunca tiveram um professor decente. Fora o fato de que professor de matemática acaba sempre sendo estigmatizado, tachado de chato, porque a maioria detesta matemática - justamente pelo fato de não entenderem e terem professores medianos ou frustrados que não gostariam de estar ali por nada neste mundo, mas dar aulas sempre foi "uma carta debaixo da manga", infelizmente. Em segundo lugar, a minha própria auto-estima. É irônico, mas no semestre passado, fui reprovada em Matemática Aplicada na faculdade, e Bioestatística também tive que refazer... Não que eu seja assim, uma anta no assunto, mas confesso que sempre tive pouca simpatia pela coisa, e pouca concentração, muita dificuldade. Daí essas aulas surgiram eu eu gostei, porque desde meu primeiro contato em sala de aula como professora de matemática, senti que se  trata de uma disciplina muito mas muito prazerosa de se ensinar... não sei dizer ao certo o que, mas algo no ensino da matemática me encanta, tem "um quê" de desafiador, instiga a mente... Desde que assumi essas aulas, tenho me apaixonado mais e mais pelas ciências exatas, e me empenhado bastante na preparação das aulas. Não estaria mentindo se disesse que ultimamente tenho estudado com muito mais afinco Matemática do que as matérias do curso de Biologia... É que me pesa essa responsabilidade, de ter que ensinar essas crianças, tão carentes de números! Daí me empenho mesmo, passo a noite estudando, pesquiso na internet, leio livros e mais livros didáticos em busca da melhor metodologia, busco vídeos educativos que possam me auxiliar. Bem, o desafio foi aceito, então sinto-me na obrigação de fazer, no mínimo, o meu melhor. E olha, por incrível que pareça, estou muito satisfeita e feliz!
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