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Rio Claro, SP, Brazil
Meu nome é Mariana Gabriela Fonseca, prazer. Sou formada em Imagem e Som pela UFSCar (turma 2000 a 2003) e atualmente curso Ciências Biológicas na Unesp Rio Claro (Turma de 2007 até atualmente). Atuo como professora eventual na rede pública Estadual de ensino e tenho grande paixão pelo meu trabalho. Pretendo me formar na licenciatura e fazer pós graduação em Educação. Acredito em uma nova educação, diferente do que é hoje praticada nas escolas brasileiras. Para mim, o método de ensino em vigor é precário e obsoleto, não segue o fluxo das mudanças decorrentes de uma série de transformações sociais, econômicas, comportamentais e tecnológicas. Por isso, estou sempre procurando inovar em minhas aulas, mesmo que muitas vezes falhe e/ou caia no tradicional. Afinal, errando é que se aprende.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Uma pausa, um bloqueio e algumas Gestalts (Parte II)


Gente, tá aí uma coisa que não consigo deixar de repetir: levo meses para retomar o fôlego - muitas vezes por falta de tempo, outras por falta de ânimo - e escrever aqui no blog. Foram tantas e tantas turbulências que nem sei por onde recomeçar.  Mas recomecei. Ontem postei um texto sobre as Cartas na Manga (para entender melhor, leia: Respeitável Público!) e hoje resolvi dar continuidade ao post que ficou incompleto, Uma pausa, um bloqueio e algumas Gestalts. Sendo assim, mãos à obra:

Logo após ter me inscrito como professora de Arte, minha escola sede me avisou que estavam sem o professor de Arte e que gostariam muito que eu assumisse as aulas. Já me apresentaram algumas turmas e comecei a elaborar um plano de aula. Fiquei bastante animada, e os alunos também. Pretendia incluir um pouco das artes audiovisuais em sala, já que minha graduação na Imagem e Som me dera vasto conhecimento na área. O dia da atribuição foi um pesadelo. Era aniversário da minha mãe, e ainda assim ela me acompanhou até Limeira para resolver a parte burocrática da coisa. Chegando lá, econtramos o que era de se esperar: dezenas de professores amontoados, aguardando seu lugar ao sol. Foi demorado, muito demorado. Ficamos cerca de 4 ou 5 horas esperando. Quando finalmente chegou minha vez, um "baque": Minha inscrição ainda era como professora de Ciências. Tentei explicar toda a situação, insistir que havia me inscrevido como professora de Arte, mas a bagunça e falta de organização por lá continuam me surpreendendo. Não constava qualquer inscrição minha na área. Estava ainda cadastrada como Professora de Ciências. Fiquei com um pé atrás, tentei explicar MAIS UMA VEZ, que estava com a matrícula da faculdade suspensa e sendo assim não conseguiria atribuir as aulas de Ciências. Mas, como sempre, mal me ouviram e insistiram, insistiram, e acabei assinando uns papéis para aulas de Ciências em uma escola no fim do mundo, aqui em Rio Claro. No mesmo dia fui até a escola onde atribuí, conversei com eles, me passaram uma lista de documentos e insistiram que meu Laudo Médico deveria ser emitido ainda naquele dia, para que eu não perdesse a chance. De lá pra cá, emprestei dinheiro de minha irmã, fiz o tal exame médico admissional, e obviamente, me deparei com um problema que já havia previsto, mas ninguém quis ouvir: O certificado de matrícula no semestre em questão. Impossível, minha matrícula estava suspensa. Precisava repetir? Não, mas ninguém me ouviu, e acabamos sendo barrados pela realidade. Fui à minha escola sede e pedi ajuda. Por fim, a orientação que me deram foi: Fica na sua, não levanta essa lebre. Você não poderia nem mesmo estar como eventual, dada a sua suspensão na faculdade. Então, foi isso o que aconteceu. Sem aulas de Arte, sem aulas de Ciências. Voltei ao marco zero, fiquei como eventual. Meses mais tarde, um de meus alunos, que teria aulas de Arte comigo caso as coisas tivessem sido executadas da maneira certa, me questionou por que eu havia abandonado a turma. Refutei, disse que houveram problemas burocráticos, e ele me disse que lá na escola, a informação que passaram para todas as turmas foi de que eu não quis dar aulas de Arte para eles e havia desistido. Sim, eu fiquei bem revoltada e magoada. Por fim, deixei quieto.

Neste mesmo ano, uma escola de periferia me convidou para acompanhar algumas turmas que estava desde o começo do ano sem professor de Química, e enquanto ninguém atribuísse, eu seria a professora deles. Aceitei o desafio, apesar do medo. Senti medo pois Química sempre foi meu calo, a unha encravada. De qualquer maneira, com o passar do tempo, consegui organizar meus conhecimentos, entendi que aqueles alunos não sabiam nem mesmo dizer do que se tratava a disciplina de Química e comecei um trabalho muito legal com eles, do comecinho: O que é Química.

O semestre correu bem, mas quando chegamos ao fim, mais problemas. Em primeiro lugar, a coordenação havia me pedido para preencher os Diários de Classe de todas as turmas, desde o começo do ano. Chegaram até mesmo a me prometer incluir umas aulinhas extras no pagamento pela ajuda. Me deram cerca de 8 ou 9 Diários nas mãos, todos em branco. Foi um inferno. Passei horas e horas tentando colocar em ordem. Faltas, conteúdo... que sacrilégio. Fiz este trabalho sujo (que fique claro: este não é o trabalho do professor eventual, e sim do efetivo, ou seja lá de quem atribui as aulas, menos do eventual) e quando estava quase tudo certinho, faltando duas semanas para o fim do ano letivo, adivinhem? O professor efetivo daquelas turmas, que havia passado o ano todo afastado, retornou. Caso clássico, revoltante. Este é o típico professor que deveria fazer qualquer coisa, menos se meter a dar aulas. Todos os anos o cara dá dessa. Assume as aulas, e uma semana depois, tira licença atrás de licença. Os alunos ficam jogados às traças, todos os anos. Algum professor eventual faz todo o trabalho por ele, e faltando poucos dias para o fim, ele retorna, para não perder a sua parcela do 13º, férias, e os benefícios que só um efetivo tem. Revoltante, no mínimo. Minhas cadernetas estavam quase todas prontas, e eu pretendia levá-las para a escola, afim de que o professor terminasse (afinal não era mais trabalho meu - ou melhor, nunca fora). Só que, aí é que vem a outra bordoada... Quando as escolas não precisam mais do seu trabalho, é incrível como passam a te tratar com hostilidade. Ligaram em minha casa e foram muito, mas muito ríspidos, EXIGINDO que eu entregasse as cadernetas todas preenchidas, num determinado prazo. Queriam que EU terminasse, entregasse tudo lindamente mastigadinho, para o sem vergonha do efetivo (perdoem a fúria, mas para mim professor que tem tal atitude não tem mesmo vergonha na cara). E sabem o que aconteceu? Não entreguei foi nada. Em parte, pela raiva que senti, e em outra, pq o fim do ano chegou e tive mais o que fazer, não tive tempo nem saco para terminar nada. Me senti um rolo de papel higiênico quando chega ao fim. Me senti humilhada e fiquei demasiadamente triste. Já deveria estar acostumada com o desrespeito, que parte não só dos alunos e Governo, mas da própria Direção ou Coordenação. Secretários, diretores, coordenadores, professores efetivos... todos parecem ter um desgosto natural contra professores eventuais. São incontáveis as histórias que teria para lhes contar, de como somos alvo de injustiça, intolerância, desrespeito. Continuo batendo na tecla: Se o professor efetivo já tem problemas para ter respeito, para o eventual pode elevar a mil e multiplicar por cem. As pedras vêm por todos os lados.




10 comentários:

Anônimo disse...

Cara professora (espécime), outro dia lancei no ar o assunto "Lindenberg" (aquele que assassinou a Eloá, no ABC Paulista). Fiquei refletindo sobre as razões que o levaram a cometer aquele ato e em contrapartida sobre as razões que levaram a advogada Ana Lucia defendê-lo. Excluindo o motivo de "mídia" e "obnubilação" por parte dela, talvez ela tenha tido um "BUMM" de humanismo...talvez ela tenha enxergado que a própria midia e servidores da lei tenham conduzido mal o caso e induzido, indiretamente, o rapaz, antes operário e agora delinquente, a cometer aquela atrocidade. Bem, sei que até agora não tem sentido postar isso, mas vamos refletir e divagar um pouco para entender a natureza humana. Sabemos que somos uma espécie ainda muito incipiente em termos de sapiência, e cometemos erros atrás de erros, consciente ou incoscientemente. Por essa razão, uma boa porcentagem da humanidade tem dificuldade em separar o joio do trigo, ou seja, se me fizerem mal eu darei o mal, se não recebo consideração não considero, essa característica humana sempre foi...é..e infelizmente parece que continuará sendo uma marca (perniciosa) do sujeito. É como um vício, depois que você se acostuma fica entorpecido e não consegue ser diferente, cada vez que te dão essa "droga" (ausência de respeito e empatia) você passa a ser operário do Diabo. É muito doloroso e assustador mergulhar no pântano da nossa alma, muitos mostros e fantasmas de uma costelação familiar estão lá para nos assombrar, e insistimos em bloquear a entrada para esse insólito lugar, jogando o "ticket" no nosso inconsciente. Se tivessemos coragem, mesmo com um escafandro, mergulharíamos nessas águas e com bravura espantaríamos os demônios que emperram nossa vida. Acho que até agora você não está entendendo a conexão que pretendo fazer com seu post, mas vamos chegar lá...espero! Tecemos os caminhos da vida de acordo com nossa energia, quero dizer...quando há um desequilíbrio na nossa constelação familiar, recalcamos atos e comportamentos assimilados por nós incoscientemente e conforme trilhamos esses caminhos repetimos os mesmos erros...quase de uma forma obsessiva compulsiva, parece que temos uma certa pulsão pelo sofrimento. Não conseguimos enxergar onde está o problema e às vezes achamos que não há problema algum, mas há, há a necessidade de reequilibrarmos tudo que nos envolveu dessa tal constelação, mas para isso precisamos fazer "aquele mergulho", mas daí vem outro problema inerente ao SER...o MEDO, então deixamos como está e continuamos a caminhar de forma alienada. (continua)

Anônimo disse...

(continuação)Quando cobram uma postura de alguém que quer ser livre e esse sujeito passa a expressar seu "Eu Falso", ele introjeta elementos que mudam completamente a sua vida, passando a ser introspectivo ou revoltado ou hipercrítico ou n coisas que enterram ainda mais seu "Eu Verdadeiro", então considerando esse último caso, as pessoas são reativas de acordo com sua essência "adquirida", algumas ficam indignadas e ficam fosforilando e outras empurram com a barriga por comodismo ou por ignorância. O ser humano já é medíocre por si só, mas o brasileiro tem algo a mais...ou a menos...a capacidade de se adaptar a situações que promovam sua subsistência, seja qual for a consequência que isso cause, falta "consciência genuína", não há a tal da empatia, por essa razão é que, por exemplo, professores do ensino público desconsideram totalmente a dor emocional dos seus alunos, o mal que estão fazendo a sociedade e para a humanidade. São doentes mentais espirituais, deve haver um desarranjo perispiritual, alguma anomalia bioquímica na sua conformação imaterial. Esses é que são os delinquentes verdadeiros, assassinam aos poucos a esperança dos outros (alunos, sociedade etc etc). Você está certa em questionar e revoltar, do contrário seria só mais uma, porém de nada adianta a insatisfação, ela só traz desesperança e mais insegurança. Faça a sua parte e não olhe para trás, não contamine seus ideais com essa pandemia virulenta que parece não ter cura, mas aguarde...a cura está em fazermos a diferença, continue a lecionar seja em "trocentas" salas ao mesmo tempo seja como efetiva ou eventual, plante sua marca e aproveite o momento para "curar" opiniões e conceitos dos menos favorecidos. Não se desgaste por causa da primitividade espiritual de alguns, eles também precisam da tal cura, mas nem sempre será aqui...na Terra. Não jogue a toalha e vá buscar o que te completa, aliás as coisas que nos completam não têm preço...nem Credicard compra, quando achamos que estamos num bom emprego e recebendo um bom salário, embora não seja o serviço dos nossos sonhos, nos sentimos incompletos...você sabe disso, termine o que tem que terminar, quando deixamos as coisas por fazer nossa vida reage da mesma forma, entendeu? Tudo fica inerte...tudo mesmo: amor, relacionamentos, trabalho, sistemas orgânicos, enfim...uma "M..." É claro que precisamos do "ganha pão" e sei que está tentando associar as coisas e ser feliz nesse setor da vida, mas analise o motivo de tudo estar assim...lembra da constelação...do pântano? Então, é isso aí, sinto muito se tudo que escrevi não ficou claro para você, mas sei que a senhorita é muito inteligente e saberá aproveitar (positivamente) alguma coisas dita, ok?! E não se esqueça que "nos conhecemos através do outro", as diferenças são necessárias para melhorarmos a cada dia e conforme o tempo vai passando você se sentirá mais confortável em relação a vida...calma e paciência.
Boa sorte...uffa!!! ação)...

Anônimo disse...

...e viva o rock'n'roll!!!

Jessica disse...

Ta mais que certa! Eu faria o mesmo, como minha professora de Didática diz, o corpo da escola (professores, alunos, funcionários em geral) são culpados principais pela educação não ir pra frente, é facil colocar a culpa no governo, mas ninguém faz sua parte, nós que somos poucos, sozinhos não somos nada, aas apesar disso continue assim, continue dando seu melhor que você só tem a ganhar :)
Beijos!

bernardo disse...

cara mariana, boa noite. meu nome é bernardo baethgen e acabo de ler seu post em seu blog!!! sou act, leciono no estado desde 1994 e depois de uma pausa de mais de dez anos, voltei em 2008 e não parei mais. amo lecionar, sempre quis ser professor!!! entendo e compartilho plenamente o que voce escreveu. muitas das dificuldades que voce encontrou, eu tambem encontrei. e quanto ao respeito...nem se fala!!!é a maldita progressão continuada que empurram goela abaixo como se fosse "escola cidadã". grandes colegas meus são eventuais e acompanho as dificuldades. e nao sao dificuldade por serem maus profissionais nao! muito pelo contrário!!! voces são muito dedicados. o problema é que a maldita progressao continuada criou uma cultura de desrespeito ao professor!!! meus parabens pelo texto e pela coragem!!!!

Unknown disse...

Se não fosse pelo teu nome e graduação, poderia pensar que foi minha esposa que escreveu isto. A história é praticamente igualzinha. Tudo isso aconteceu no ano passado com ela. O pior é que a situação fica cada vez pior. Sou formado em Letras com Especialização em Saberes e Párticas da Língua Inglesa. Este ano só consegui algo no Estado numa escola perto da outra que estou trabalhando pela Prefeitura de São Sebastião. Ou seja, longe da minha casa. Estou querendo dizer que só consegui aulas este ano só porque, graças a Deus eu passei no processo seletivo da prefeitura, senão estaria perdido. As 20 aulas do Estado que atribuí como categoria O declinei. O concurso do ano passado só divulgou a quantidade de vagas depois do resultado final. Estou na esperança de poder me efetivar para acabar com a insegurança da instabilidade. Agora só faltam 10 posições para me chamarem em inglês. Em português só por Deus mesmo, mas confio nele para tudo dar certo.
Te desejo boa sorte, pois, infelizmente nós professores interessados pelo bem da educação somos os mais injustiçados. Isto acontece pelo fato do nosso trabalho diferenciado e efetivo incomodar aqueles que querem deixar as coisas do jeito que está mesmo e omitem o trabalho.
Abraços.

F.J disse...

Adorei seus textos em especial o sobre a sala dos professores, já que minhas experiencias por lá são semelhantes com as que você descreveu.
Quanto a problemas com atribuição de aulas a diretoria de ensino na minha região também sempre me surpreende pela falta de organização e mais ainda pela falta de clareza nas informações.
Parabéns pelo blog!

Anônimo disse...

Nossa, comecei agora como eventual é assim que me sinto, ainda mais em uma escola pobre e absolutamente sem recursos? Por favor, coloque suas idéias para eu me animar um pouco e quem sabe conquistar a atenção destes adolescentes que não querem saber de nada!!!

JJ Oliveira disse...

Compartilhamos da mesma revolta, colega. Você não está só nisso não!

Unknown disse...

Me identifiquei com o relato da professora e me inspirei com a sua mensagem.
Sim, é difícil fazer a diferença... ás vezes me sinto remando contra a maré, as vezes fico cansada, como agora. Mas é bem verdade, se jogo tudo pro alto ... a minha vida pára. E uma pessoa sem sonhos, acaba se tornando cada vez menos ser vivo. Eu mesma já me vi na sua descrição... introspectiva, isolada super crítica em relação aos outros. É triste. Percebo/percebi que preciso agir... obrigada pela dica (peguei pra mim).

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